A discussão sobre a luta pela moradia em Palmas ocupou o centro das atenções durante a mesa-redonda conduzida pelo Núcleo de Arte e Cultura (NAC), em parceria com o Observatório de Direitos Humanos e a Pastoralidade do Centro Universitário Católica do Tocantins (UniCatólica) na noite de terça-feira, 7 de novembro.
O evento foi marcado pelo lançamento do livro “Palmas, cidade neoliberal”, resultado da tese de doutorado da Professora Doutora Ana Carla de Lira Bottura. Este tema enriqueceu as discussões ao longo do evento. Dentre os participantes que contribuíram para o diálogo, estiveram presentes: Professora Doutora Olívia Maia (Universidade Federal do Tocantins), Bismarque Miranda (Movimento Nacional de Luta pela Moradia), Hilton Farias e Antônio Edis (Organização Popular de Moradia).
A professora Ana Carla compartilhou que seu livro oferece uma perspectiva abrangente sobre o processo de construção da cidade de Palmas, destacando as desigualdades que permeiam seus alicerces. A obra revela as batalhas travadas desde a fundação da cidade, proporcionando uma compreensão mais profunda sobre as complexidades envolvidas. “A luta pela qual uma grande parte da população teve que a luta que uma boa parte da população teve que travar para ter o direito a viver nessa cidade. Então, eu vejo que isso, só o fato de ter contato com essas lideranças, ter contato com essas histórias que os presentes tiveram oportunidade de escutar ao vivo, já é o trazer uma maior conscientização sobre a importância.”, explicou a professora.
A importância dos movimentos de ocupação foi também discutida, quem esteve presente foi Bismarque Miranda, que frisou a importância de debater dentro do espaço acadêmico sobre a segregação existente na capital. A relevância dos movimentos de ocupação foi abordada durante a discussão, contando com a presença de Bismarque Miranda, que ressaltou a relevância de promover debates dentro do ambiente acadêmico sobre a segregação existente na capital. “É muito importante os profissionais da arquitetura, do urbanismo, entender que espaço vazio não pode existir na cidade sem cumprir a função social da propriedade. Então, Palmas é uma cidade de vazios urbanos, uma cidade que latifúndios vazios, que a gente precisa apresentar projetos e disputar junto ao Poder Público os instrumentos que garantam o cumprimento da função social da propriedade, principalmente garantir o direito à moradia de qualidade para todos os palmenses.”, frisou.
Para a Professora Doutora Olívia Maia, o livro lançado pela Professora Ana, traz uma leitura inédita sobre a luta por moradia em Palmas. “Desvela uma história de muita luta e resistência de uma população que veio construir essa cidade, uma história pouquíssima ouvida e menos ainda divulgada. Trabalhos como esse abrem portas não somente para a necessidade de novas pesquisas, mas nos alertam para a necessidade da desconstrução diária de conceitos muito arraigados e naturalizados na nossa cidade.”, compartilhou a docente. “O debate que vivenciamos ontem, mostrou não apenas que essas situações existem e crescem, como que há muita luta dos movimentos organizados.”, concluiu Olívia.
Visão acadêmica
Thalia Cabral Noleto Gomes, estudante do décimo período de Arquitetura e Urbanismo, partilhou como o evento contribuiu para sua percepção sobre a ocupação dos espaços urbanos em Palmas enquanto futura profissional da área de arquitetura. “É uma história que não é discutida nas escolas. Poucas pessoas sabem como surgiu Palmas e quais foram as lutas por trás dessa fundação. Essa roda de conversa, foi muito importante para o público, pois houve uma conversa direta com os pioneiros dos movimentos. Fiquei muito feliz, por ter o privilégio de participar de eventos como este!”, afirmou a estudante.
