Entre os dias 12 e 17 de maio, o Centro Universitário Católica do Tocantins (UniCatólica) promoveu a Semana de Mobilização de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A iniciativa foi desenvolvida no âmbito do projeto de extensão “Proteger Hoje para Florescer Amanhã: cooperação e humanismo solidário na defesa da infância e da adolescência”, conduzido por estudantes do sétimo período de Psicologia, sob a orientação da professora Dra. Leila Dias e vinculado ao Observatório de Direitos Humanos.
Durante a semana, os estudantes realizaram uma série de ações de sensibilização voltadas tanto para a comunidade acadêmica quanto para o público externo. A proposta teve como foco a conscientização sobre o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, uma problemática grave que ainda enfrenta resistência social e subnotificação, especialmente no Tocantins.
Dados do Disque 100 apontam que, em 2022, o Tocantins registrou 487 denúncias de violência sexual contra menores, sendo a terceira unidade federativa com a maior taxa de denúncias proporcionais à população na região Norte. Palmas lidera os registros, com 38% das ocorrências, seguida por Araguaína (22%) e Gurupi (15%). A urbanização da violência se soma à invisibilidade dos casos, agravada por fatores culturais e estruturais.
O Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA-TO) estima que apenas 20% dos casos são oficialmente denunciados. A naturalização da violência dentro do ambiente familiar e a ausência de delegacias especializadas em 73% dos municípios são obstáculos que silenciam vítimas e dificultam o acesso à justiça.
O perfil das vítimas revela ainda mais a vulnerabilidade: 82% são meninas, e 60% têm entre 10 e 14 anos — idade em que a violência é, muitas vezes, mascarada por discursos de “iniciação sexual precoce”. Os dados da Secretaria de Segurança Pública do Tocantins também apontam que, em 40% dos casos, os agressores são familiares diretos, como pais, padrastos e tios.
Com o objetivo de alertar e informar a população, os acadêmicos promoveram ações como panfletagens nas feiras do Aureny I e da 307 Norte, além de abordagens informativas dentro dos ônibus do transporte público de Palmas. Na instituição, cartazes temáticos e distribuição de materiais educativos no hall de entrada mobilizaram a comunidade universitária.
A programação também incluiu uma campanha solidária: brinquedos foram arrecadados para o Lar Sementinhas do Amor, em parceria com o projeto “Semear o Bem, Transformar o Mundo”, vinculado à disciplina de Cooperação e Humanismo Solidário, sob orientação da professora Dra. Valdirene Cássia.
Encerrando a semana, foi inaugurado o projeto “Leitura em Movimento” na clínica de Psicologia do UniCatólica. As estudantes arrecadaram livros e organizaram um espaço colaborativo, onde é possível pegar ou doar obras, incentivando o acesso à leitura e à cultura como ferramenta de cuidado, acolhimento e transformação social.
A Semana de Mobilização reafirma o compromisso do UniCatólica com a formação humanizada e com a defesa dos direitos fundamentais da infância e da adolescência, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, consciente e protetora.
