O psicólogo e professor da Faculdade Católica do Tocantins, Lucas Borges, teve o seu artigo publicado na edição, desta quarta-feira, 30, no Jornal do Tocantins (JTO). O conteúdo, na íntegra, pode ser conferido abaixo.
Pasteurização humana
É incrível como que, em nome de um cientificismo fundamentalista, se rebaixem todas as formas de conhecimento humano, denegrindo-os a reles crendices mitológicas populares, colocando a própria ciência como único modelo legítimo de validação das informações no mundo e excluindo, inclusive, ao campo do pejorativo, toda forma de intervenção alternativa e oriental. Relega-se a própria filosofia e a história à concepções incapazes de gerar a verdade sobre a existência, e faz-se uma apologia intelectualoide sobre o paradigma newtoneano-carteseado da ciência positivista como única forma de verdade, instituindo assim um mecanismo de autoritarismo sub-reptício que pasteuriza toda forma de expressão humana sobre a realidade, quando esta manifestação é diversa das concepções científicas. E o problema maior é que essa pasteurização vem em ondas globalizantes de tal forma que criam um único modelo de pensamento massificador e opressor sobre todo o globo e as culturas regionais da terra, de forma a descredibilizar todo credo em prol unicamente de um mero método de averiguar os fatos (ciência), o qual em si mesmo é tão metamorfo que perde (se é que tem ou já teve) a própria essência ao longo do desenvolvimento histórico da civilização. E é a ele, a esse método, chamado de racional, que nos empurram como única forma de repousar nossa segurança pessoal sobre a vida, o mundo, as pessoas, os seres, a existência.
É uma ditadura subliminar perversa das estruturas de poder sobre as diferentes possibilidades filosóficas, religiosas e até mesmo científicas quando estas divergem dos conceitos majoritariamente vigentes, mesmo quando estes conceitos e teorias da comunidade dita científica e imparcial, apresentam falhas nítidas e plenamente criticáveis e refutáveis – como é o caso da teoria evolucionista em contraposição da teoria criacionista do universo. Não que eu seja tolo o suficiente para simplificar a questão a um simplório jogo lingüístico da simbologia bíblica a respeito do surgimento da vida e das coisas, crendo nisso de olhos fechados como muitos fundamentalistas religiosos, mas sei, com plena maturidade cognitiva, das inúmeras incongruências da teoria evolucionista como sei das inúmeras compatibilidades que a mesma apresenta, mostrando-se uma hipótese tanto viável como inviável. Assim como sei também, de forma inteiramente consciente, da viabilidade real do criacionismo científico.
Caminhamos para uma realidade tão uniforme que mal percebemos que estamos, de fato, na contramão da liberdade individual. Estamos caindo num engodo mundial, pautado nos mecanismos de uma engenharia social, que nos impede de criticar ou pensar, de forma diferenciada, sem sermos expostos a execração pública. A “integração” do planeta como uma aldeia global, estruturada em ditames capitalistas e cientificistas, de cunho não somente ateísta, mas inclusive comunista, tem nos levado a redução de nossa capacidade critica por meio do rebaixamento de nossa consciência moral e ética de tal forma que toda uma nação se rende às distrações da política do pão e circo, mascarada nas programações televisivas e, principalmente, nas redes sociais da internet mundial.
